Monthly Archives: Janeiro 2011

Reino dividido – reis de Israel

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Reino dividido – reis de Judá

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O reinado de Salomão

971 AC – (Anno Mundi 2925) – início do reinado de Salomão
Salomão reinou depois da morte de Davi por 40 anos, conforme já visto, entre os anos 2925 A.M. e 2964, contado seu ano de ascensão. Conforme 1 Cr 29:1 Salomão era ainda “ainda moço e tenro” quando começou a governar.

Considerando que tenha nascido no Anno Mundi 2904, teria 21 anos na ocasião do início de seu reinado. Três coisas chamam a atenção sobre sua figura: sua conhecida sabedoria, o fato de haver construído o Templo, e sua infidelidade a Deus, que terá como efeito a divisão do reino depois de sua morte.

Alguns princípios que deveriam nortear a monarquia em Isarel já haviam sido editados como lei pelo próprio Moisés, conforme o capítulo 17 de Deuteronômio. Foram, no entanto, sistematicamente negados ou esquecidos por quase a totalidade dos reis, mas é na verdade no reinado de Salomão que se constata de certa forma a sua mais abusiva negação. O próprio texto nos explica:

“Porém ele (o rei) não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.” (Dt 17:16-17)

968 AC a 961 AC – (Anno Mundi 2928 – 2935 A.M.) – construção do Templo
Como Deus houvesse negado a Davi (por haver sido um homem de guerras) que ele construísse o Seu Templo, coube a Salomão faze-lo. (2 Sm 7:12-13)

De acordo com 1 Rs 6:38, Salomão demorou 7 anos para concluir a obra, o que veio a ocorrer no Anno Mundi 2935.

O Templo estará em pé por 367 anos até que seja destruído por Nabucodonozor no Anno Mundi 3302 (2 Rs 25:8-9).

934 AC – (Anno Mundi 2962) – escolha de Jeroboão
Salomão é um exemplo de que pouco vale a sabedoria sem submissão espiritual. Governou Israel no auge de seu esplendor, gozando dos benefícios das conquistas das fronteiras de Davi (2 Cr 9:26) que fizeram dos povos ao redor de Israel pagadores de impostos com os quais Salomão pode empreender grandes obras.

Construiu o Templo, o palácio real, murou Jerusalém, construiu cidades armazens, navios (1 Rs 9:10-28), e fez propagar sua fama pelo mundo vindo a exceder a todos os governantes de seu tempo (1 Rs 10:23).

De acordo com 1 Rs 4:32-33: “disse três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco. Também falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce na parede; também falou dos animais e das aves, e dos répteis e dos peixes”. Desfrutou, desta forma, da paz conquistada por seu pai e pode dedicar-se a uma vida de cultura e prazeres.

Contrariando a Lei de Moisés (Dt 7:3-4) que proibia o casamento com mulheres estrangeiras, casou-se com 700 mulheres e possuiu 300 concubinas (1 Rs 11:3) que lhe fizeram inclinar para a idolatria, causa pela qual o reino de Israel veio a ser divido.

Vejamos a sentença de Deus contida em 1 Rs 11:11-13: “Assim disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste a minha aliança e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei; Porém todo o reino não rasgarei; uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi, e por amor a Jerusalém, que tenho escolhido.”

Conforme veremos quando for tratado o reino de Jeroboão, a sentença acima veio a ser pronunciada dois anos antes da morte de Salomão, no Anno Mundi 2962, ano que assinala o início da contagem do tempo de reinado de Jeroboão, sem que ainda ele tivesse sido empossado como rei.

Algumas das esposas de Salomão eram provavelmente israelitas, mas nenhuma delas é mencionada. Naamá, uma amonita (2 Cr 12:13), filha de um dos povos contra quem Davi combateu, veio a ser mãe de Roboão, sucessor de Salomão e causador da divisão do reino de Israel.

932 AC – (Anno Mundi 2964) – morte de Salomão
Salomão morreu no Anno Mundi 2964 com cerca de 61 anos de idade, bastante jovem para os padrões de sua época. Foi sucedido por seu filho Roboão.

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O reinado de Davi

1004 AC – (Anno Mundi 2892) – Davi conquista Jerusalém
Jerusalém coube como herança à Tribo de Benjamin (Js 18:28). Conforme Js 10, Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém na época da entrada de Israel em Canaã, arregimentou outros quatro reis da região, a saber: Hoão, rei de Hebrom, Pirão, rei de Jarmute, Jafia, rei de Laquis e Debir, rei de Eglom, para atacar os gibeonitas que haviam feito paz com Israel.

Josué foi ao combate a estes reis e os derrotou naquele que chamamos o mais longo dos dias. No entanto, a cidade de Jerusalém permaneceu intocada, uma vez que a batalha se travou às portas de Gibeon e “Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém”. (Js 15:63)

Conforme Jz 1:7-8, ainda nos tempos de Josué, as tribos de Judá e Simeão atacaram a cidade e a incendiaram na guerra contra os cananeus, mas a cidade continuou a ser habitada pelos jebuseus uma vez que não cabia nem a Judá nem a Simeão ocupá-la.

Coube a Davi tomá-la, por volta de seu sexto ano de reinado, conforme nos relata 2 Sm 5: 5-9: “Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá.

E partiu o rei com os seus homens a Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra; e falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, pois os cegos e os coxos te repelirão, querendo dizer: Não entrará Davi aqui. Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi. Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, suba ao canal e fira aos coxos e aos cegos, a quem a alma de Davi odeia.

Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa. Assim habitou Davi na fortaleza, e a chamou a cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo para dentro.”

Davi passou a reinar de Jerusalém a partir do Anno Mundi 2893, descontados 33 anos desde a data de sua morte.

998 AC – (Anno Mundi 2898) – a Arca é transferida para Jerusalém
Conforme vimos, a Arca foi tomada pelos filisteus no Anno Mundi 2878 e veio a permanecer em Quiriate-Jearim apor 20 anos, até que Davi a transportasse para Jerusalém, o que veio a acontecer no Anno Mundi 2898 (2878 + 20). Seria então, o 13º ano de reinado de Davi, em seu 6º ano reinando em Jerusalém.

998 AC a 993 AC – (Anno Mundi 2898 a 2903 A.M.) – as guerras de Davi
Davi empreendeu um longo período de guerras contra os filisteus, moabitas, e os reis ao norte e sul de Israel, estendendo desta forma as fronteiras de Israel até além do Rio Eufrares (2 Sm 8:1-3).

Tomou o que seria hoje a faixa de Gaza e sujeitou os filisteus. Consolidou as fronteiras da Tribo de Rubem com o território de Moabe, ficando tanto estes quanto os filisteus tributários de Israel. Empreendeu uma campanha de sucesso em direção ao norte de Israel, contra o reino de Zobá, estendendo as fronteiras até o Rio Eufrates, dominando a Siria, quando esta saiu em defesa de Hadadezer, rei de Zobá.

Também a Siria passou a pagar tributos a Israel (2 Sm 8:5-6). Davi sujeitou também os amonitas e amalequitas (2 Sm 8:12) consolidando as fronteiras da transjordânia e junto com os irmãos Joabe e Absai conquistou os edomitas ao sul (1 Cr 18:12-13).

As fronteiras consolidadas por Davi eram as mesmas prometidas por Deus a Abraão, conforme Gn 15:18: “fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”.

Deus relembrou a Josué as mesmas fronteiras quando Israel entrou em Canaã: “Para Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria” (Js 1:3-6).

As fronteiras estabelecidas por Davi subsistirão até o fim dos dias de Solamão.

993 AC – (Anno Mundi 2903) – Davi engravida Bate-Seba
Ao fim da guerra contra os amonitas, Rabá, a capital de Amon ainda estava em pé e cabia a Davi conquistá-la definitivamente.

Por uma razão desconhecida, Davi, ao invés dele próprio liderar a conquista de Rabá, envia Joabe, comandante de seu exército, para tomar a cidade e permenece ele próprio em Jerusalém.

É nesta circunstância que ele toma Bate-Seba e a engravida. É bastante conhecido o desenrolar da história que culmina com o assassinato de Urias, o heteu, marido de Bate-Seba.

Tempos depois da morte de Urias a cidade veio a ser conquistada e Joabe chama Davi para que ele mesmo entre na cidade como conquistador de Rabá.

992 AC – (Anno Mundi 2904) – nascimento de Salomão
Conforme 2 Sm 11:27 Davi tomou depois da morte de Urias Bate-Seba como esposa e ela gerou Salomão. Podemos supor que Salomão tenha nascido no ano seguinte à morte de Urias.

981 AC – (Anno Mundi 2915) – Absalão toma o poder
De acordo com a lei de Moisés escrita em Lv 20:10, deveriam ser punidos com a morte tanto Davi quanto Bate-Seba, porém foram ambos poupados.

No entanto, a pesada sentença pronunciada pelo profeta Natã causou efeitos que vieram a durar por toda a vida de Davi: “Porque, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.

Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás.” (2 Sm 12:9-13).

A sentença de Natã se concretizou dentro da própria casa de Davi, começando com o assassinato de Amnon por seu próprio irmão Absalão, que posteriormente viria a tomar o reino de Davi e possuir à luz do dia todas as concubinas de seu pai.

Amnon seria no inconsciente popular o sucessor de Davi por ser o seu primogênito. Podemos supor então, que a vingança de Absalão pela violação de sua irmã não foi uma atitude meramente passional, mas um ato possivelmente planejado de eliminação do mais provável sucessor de direito ao trono de Israel, uma vez que Absalão, como mostram os fatos subsequentes, tinha para si a ambição de reinar sobre Israel.

Dois anos após a violação de sua irmã, Absalão matou Amnon, fugindo para Gesur, terra dos parentes de sua mãe. Lembremos que Absalão, filho de Davi, era neto de Talmai, rei de Gesur (2 Sm 3:3).

Absalão viria a permanecer ali por 3 anos (2 Sm 13:38), após o que Davi consentiu que Joabe, comandante do exército de Israel, trouxesse o jovem de volta a Jerusalém.

Passaram-se dois anos até que Davi se avistasse com Absalão (2 Sm 14:33) e o perdoasse, e quatro anos mais, para que Absalão, sobre o pretexto de fazer sacrifícios em Hebrom (2 Sm 15:7), saisse de Jerusalém e fizesse um levante contra Davi, o que obrigou o rei a fugir de Jerusalém com toda sua família. 2 Sm 15:7 estabelece que foram quatro anos o tempo passado entre o perdão de Davi e a saída de Absalão para presumidamente ir sacrificar em Hebrom. Algumas versões traduzem como 40 anos, o que é bastante improvável.

Temos, desta forma, que o golpe de Absalão veio a acontecer cerca de 11 anos após o nascimento de Salomão, no 30º ano de governo de Davi, no Anno Mundi 2915, mesmo ano em que Absalão veio a ser morto por Joabe (2 Sm 18:14).

972 AC – (Anno Mundi 2924) – Davi faz o censo de Israel
2 Sm 24:1 nos diz que Davi resenceou o povo e por esta causa Israel foi severamente punido. Não há muitas explicações que nos permitam entender por qual razão Deus estava contrariado com Israel. Foi o último ato de governo de Davi, um ano antes da sua morte.

971 AC – (Anno Mundi 2925) – Adonias se autoproclama rei e Davi constitui Salomão seu sucessor
Adonias, o quarto filho de Davi, nascido em Hebrom, vendo que seu pai estava velho, e contando com o apoio de Joabe (1 Rs 1:7), comandante dos exércitos de Israel e do sacerdote Abiatar, auto-proclamou-se rei de Israel.

Davi tinha neste tempo 70 anos, idade que não justificaria seu estado de prostração, não fosse o tipo de vida que levou, não somente por causa das muitas privações que passou durante as guerras que lotou, como também pelos muitos dissabores emocionais que enfrentou em sua vida privada, tanto pelas decisões infelizes que tomou como pela turbulenta vida familiar.

1 Rs 1:17 nos mostra que Davi já havia feito um juramento a Bate-Seba de empossar Salomão como seu sucessor, o que ele cumpre, estimulado pelo profeta Natã (1 Rs 1:22-40).

971 AC – Anno Mundi 2925) – morte de Davi
Conforme 2 Sm 5:5, Davi reinou em Hebrom sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos, o que totaliza quarenta anos e meio (entre 2885 A.M. e 2925 A.M.), sobre todo o Israel e Judá, concluindo-se desta forma, que Davi reinou seis meses no seu ano de ascensão, e transferiu, próximo de sua morte, de forma tardia e conturbada o reino para Salomão.

Em 1 Rs 2:1-12 vemos as instruções que Davi deu a Salomão antes de sua morte: que seguisse pelo caminho de Deus, e que fizesse justiça a algumas pessoas que lhe haviam causado muitos males.

A vida de Davi para com Deus foi irrepreensível até os acontecimentos que o levaram a matar Urias. Ve-se, de fato, um profundo arrependimento por este ato publicado nas palavras do Salmo 51, que tracionalmente se credita terem sido escritas por Davi depois e por causa da morte de Urias. Como sabemos, Deus o perdoou, mas fez com que as consequências de seu ato perdurassem por toda sua vida.

Davi, próximo de morrer, instruiu Salomão a matar Joabe, comandante de seu exército, justificando que este, por sua vez, havia matado dois homens melhores que ele, a saber, Abner e Amasa (1 Rs 2:32).

Recomendou também a Salomão que fizesse justiça a Simei que o amaldiçoou quando fugia de Absalão. O próprio Davi, quando aconteceu este fato, impediu Absai de matar Simei (2 Sm 19:21) porque entendia que a maldição que este lançava contra ele vinha de Deus, mas aparentemente mudou de ideia em seus últimos dias de vida.

Joabe de fato matou Abner por vingança porque este havia matado Asael, seu irmão, e matou Amasa porque este fora o chefe do exército de Absalão em sua tentativa de tomar o trono de Davi, e mesmo assim, depois disto, Davi fez dele chefe de seu exército em lugar de Joabe (2 Sm 19:13).

Joabe não só matou o novo comandante do exército, como continuou a liderar o exército de Israel, mesmo contra a vontade aparente de Davi.

Há que se notar que Joabe prestou grandes serviços a Davi ao lado de quem lutou todas as guerras e sempre lhe foi fiel.

Davi não se lembrou de mencionar uma coisa de fato concreta, quando instruiu o novo rei: que Joabe apoiara Adonias na sua tentativa de reinar sobre Israel em lugar de Salomão, o que, de uma certa forma, poderia ser pretexto para sua exclusão do círculo de sua confiança, mas nunca de morte a um homem que lhe fora como que o braço direito e de muitas maneiras, o instrumento usado por Deus para garantir-lhe o trono.

Mas é Joabe a maior testemunha sobre a morte premeditada de Urias; é a ele a quem Davi manda que o próprio Urias leve sua sentença de morte quando lutava para conquistar a cidade de Rabá.

Joabe não é nomeado entre os valentes de Davi no relato de 2 Sm 23:8-39, mas Urias, paradoxalmente lá está.

A vida de Davi é uma prova irrefutável da superioridade do Novo Pacto estabelecido por Deus por meio de Jesus para com seu povo. Davi viveu pela lei, e embora fosse o homem segundo o coração de Deus, não se dá conta que não está em posição de acusar, mas sim, necessitado de perdão.

Ao invés buscar perdão, remoia ainda o pecado cometido contra Urias e tentava apagar de uma forma inútil a mais presente testemunha de seus erros. É uma lição para todos nós.

Davi foi o maior dos rei de Israel. O Novo Testamento, em muitas passagens chama Jesus de Filho de Davi, de quem descende o Senhor tanto pelo lado materno, na ascendência até Natã, filho de Davi, como pelo lado de José, seu pai por adoção, descendente de Salomão.

É nisto que reside a beleza da graça divina: o homem segundo o coração de Deus não é mais nem menos do que aquilo que podemos ser todos nós: pecadores debaixo da graça de Deus.

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Início de Davi (a disputa com Is-Bosete)

A Estrela de Davi origina-se provavelmente da profecia de Balaão que diz que de Jacó procederia uma estrela que destruiria o remanescente dos inimigos de Israel: “Fala aquele que ouviu as palavras de Deus, e o que sabe a ciência do Altíssimo; o que viu a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos.

Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete. E Edom será uma possessão, e Seir, seus inimigos, também será uma possessão; pois Israel fará proezas. E dominará um de Jacó, e matará os que restam das cidades”. (Nm 24: 16-18)

A estrela é também um símbolo propício pois é formada por 12 lados iguais que simbolizam as tribos de Israel.

A Bíblia nos ensina que Davi era o homem segundo o coração de Deus, o que se constata quando Deus rejeita Saul e encontra Davi, conforme 1 Sm 14:14: “Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou”.

1011 AC a 971 AC – (Anno Mundi 2885 a 2925 A.M.) – início do reinado de Davi
Davi reinou por 40 anos e meio, de 2885 A.M. a 2925 A.M., sete anos e meio em Hebrom e 33 anos em Jerusalém ( 1 Rs 2:11).

Hebrom (hoje debaixo da autoridade palestina), é, portanto, a primeira capital do Israel unido. Dois anos e meio Davi governou a Tribo de Judá tendo Hebrom como capital, e cinco anos reinou ali sobre todo Israel. Nos 33 anos restantes Jerusalém foi a capital de Israel.

O início e fim de todos os mandatos do reino unido, conforme vimos em Saul, são determinados por 1 Rs 6:1: “E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), começou a edificar a casa do Senhor.”

O Êxodo ocorreu no Anno Mundi 2448 e 480 anos depois Salomão inicia a construção do templo no quarto ano de seu governo, no Anno Mundi 2928.

Salomão começou a reinar, portanto, 3 anos antes, no Anno Mundi 2925 (quarto ano, contado o ano de ascensão), ano da morte de Davi, que por sua vez reinou por 40 anos, começando a reinar no Anno Mundi 2885, ano da morte de Saul.

1011 AC a 1009 AC – (Anno Mundi 2885 – 2886 A.M.) – reinado de Is-Bosete
Davi reinou incialmente sobre Judá, uma vez que Is-Bosete, filho mais novo de Saul reinou sobre o restante das tribos por dois anos consecutivos, entre 2885 A.M. e 2886 A.M. “Da idade de quarenta anos era Is-Bosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou dois anos; mas os da casa de Judá seguiam a Davi.” (2 Sm 2:10)

A princípio, em termos práticos, a pretenção de Is-Bosete não era descabida, uma vez que Saul era morto como também seus irmãos mais velhos, e ele, como filho, teria tal direito.

Abner, primo de Saul (1 Sm 14:51) e capitão de seu exército (1 Sm 14:50), foi o responsável pela ascensão de Is-Bosete (2 Sm2:8-9) e ve-se claramente que não havia naquele tempo consenso sobre o fato de que Davi seria o substituto de Saul sobre todo Israel, uma vez que não há manifestação contrária por parte do povo quanto à liderança de Is-Bosete.

Obviamente a presença de Abner ao lado de Is-Bosete, uma vez que fora capitão do exército de Saul, pesava bastante quanto à impressão geral sobre quem detém o poder.

Is-Bosete reinou a partir de Maanaim (2 Sm 2:8), e pode-se dizer que foi um rei sem expressão própria, e é provável que Abner tenha se apercebido que seria difícil para ele liderar Israel à sombra de Davi.

Desta forma, aproveitando-se de um desentendimento por causa de Rispa (2 Sm 3:7), concubina de Saul, Abner procura Davi com a proposta de lhe passar o controle de todo Israel. Davi acolheu bem a proposta, mas Abner veio a ser morto por Joabe (2 Sm 3:27) antes de fazer a transição do poder, e a posteriori Is-Bosete veio a ser assassinado por dois de seus serviçais (2 Sm 4:1-6), após o que o povo procurou por Davi para faze-lo reinar sobre todo Israel (2 Sm 2:1-5).

1011 AC/ 1010 AC – (Anno Mundi 2885 / 2886 A.M.) – nascimento de Amnon, Absalão e Adonias
De acordo com 2 Sm 3:2-5, Davi gerou durante os anos em que viveu em Hebrom seis filhos: o primogênito Amnom, filho de Ainoã, a jizreelita; o segundo, Quileabe, filho de Abigail, mulher de Nabal; o terceiro Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; o quarto, Adonias, filho de Hagite; o quinto, Sefatias, filho de Abital, e o sexto, Itreão, filho de Eglá.

Destes todos, Amnon, Absalão e Adonias serão protagonistas de eventos futuros, e desta forma, é interessante determinar por aproximação, as datas de seus nascimentos.

Davi já era casado com Mical, filha de Saul, de quem estava separado quando foi para Hebrom. Mical lhe foi devolvida por volta de 2886 por Is-Bosete mas ela não lhe deu filhos.

Ao entrar em Hebrom como rei de Judá apenas, Davi já possuía duas outras esposas (1 Sm 27:3), Ainoã que lhe deu Amnom, seu primeiro filho, e Abigail, que lhe deu o segundo, Quileabe. Desta forma, é provável que tanto Amnon, seu primogênito, quanto Quileabe lhe nasceram no primeiro ano em que habitou em Hebrom e os demais filhos entre o segundo e sexto anos em Hebrom.

As passagens correlatas a estes personagens mostram que Amnon e Absalão teriam praticamente a mesma idade. Desta forma, para efeitos práticos, podemos estimar que Absalão, filho de Maaca, tenha nascido no segundo ano de Davi em Hebrom. Maaca irá gerar ainda uma linda filha de nome Tamar (2 Sm 13:1), irmã de Absalão, por quem Amnon irá se apaixonar e consequentemente será morto por Absalão.

A sequência desta história irá nos auxiliar a determinar a data em que Absalão tomou o governo de Israel das mãos de Davi.

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Reinado de Saul – 1013 AC a 1011 AC

Reinado de Saul – 1013 AC a 1011 AC – (Anno Mundi 2883 a 2885 A.M.)

Conforme At 13:21 Saul reinou por 40 anos. A afirmação é atribuida a Paulo, em seu discurso na sinagoga de Antioquia, em que faz um sumário da história do povo de Israel até chegar a Jesus. Vejamos o texto: “E depois pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta anos, a Saul filho de Quis, homem da tribo de Benjamim.”

Willian Robertson Nicoll comenta esta passagem na sua obra “The Expositor’s Greek Testament” – Vol 2 – pag. 292, dizendo que é provável que a tradição dos judeus atribuía 40 anos ao reinado de Saul, pela analogia de duas citações do Antigo Testamento a este respeito: 1 Sm 9:2 diz que Saul era moço quando foi escolhido rei, e I Cr 8:33 / 2 Sm 2:10 que dizem que Is-Bosete, seu filho mais jovem, tinha 40 anos quando começou a reinar. (Nicoll W R, The Expositor’s Greek Testament. Hardcover 1960; Vol 2:292)

Flávio Josefo diz que Saul reinou trinta e oito anos, sendo 18 anos durante a vida de Samuel e 20 anos depois de sua morte. (Josefo F. História dos Hebreus. Ed das Américas; s.d.; Vol 2: 279)

No entanto, nenhuma das duas alternativas poderia estar correta. A Arca do Concerto foi tomada e devolvida pelos filisteus no mesmo ano em que Samuel passou a julgar Israel depois da morte de Eli, no Anno Mundi 2878. De acordo com 1 Sm 7:2 “sucedeu que, desde aquele dia, a arca ficou em Quiriate-Jearim, e tantos dias se passaram que até chegaram vinte anos, e lamentava toda a casa de Israel pelo Senhor.”

Vinte anos depois, Davi, na segunda etapa de seu reinado, já havendo deixado Hebrom, manda trazer a Arca para Jerusalém: “foi pois Davi, e trouxe a arca de Deus para cima, da casa de Obede-Edom, à cidade de Davi, com alegria.” (2 Sm 6:12)

Conforme 2 Sm 6:2-7, Davi temeu levar diretamente a Arca para Jerusalém por conta da morte de Uzá, que tocou a Arca acidentalmente, fazendo com que ela fosse levada à casa de Obede-Edom (2 Sm 6:11-12) onde permaneceu 3 meses até ser finalmente transportada para Jerusalém.

Se, de acordo com a citação bíblica (1 Sm 7:2), vinte anos depois do início de Samuel, Davi já reinava em Jerusalém, não é possível que Saul tenha reinado 40 anos, pois estes 20 anos devem comportar o juizado de Samuel depois da morte de Eli, todo o reinado de Saul, e minimamente os 7 anos de reinado de Davi em Hebrom antes que se estabelecesse em Jerusalém.

Outro argumento que se opõe a um longo reinado para Saul pode ser aferido por 2 Sm 5:4: “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou.”

Davi, ainda moço (1 Sm 17:33), matou Golias no início do reinado de Saul. Imaginemos que fosse bastante jovem na ocasião, com cerca de 15 anos de idade. Neste caso, depois de se passarem os 40 anos de Saul, Davi assumiria o trono com 55 anos, e não com 30.

Ademais, mesmo pela simples observação do desenvolvimento da história de Saul não se encontram eventos suficientes para cobrir 40 anos, não só pela ausência de fatos, mas, principalmente porque ela é delimitada por dois personagens importantes, Samuel e Davi, que interagem com a cronologia de Saul durante toda sua existência.

Um último argumento seria a simples constatação da somatória dos eventos conhecidos desde o Exodo até o quarto ano de Salomão, que conforme 1 Rs 6:1 totaliza 480 anos:

Não há, portanto, maneira pela qual Saul pudesse ter reinado 40 anos, e desta forma, a conclusão de Willian Robertson Nicoll é bastante apropriada, mostrando que as palavras de Paulo se basearam muito mais na tradição que na história.

Conforme o entendimento de Tarcila Elias, Atos 13:21 não afirma que Saul reinou 40 anos. Veja o comentário: “Com relação ao reinado do Rei Saul, estou convicto que estão totalmente corretos, até porque Atos 13:21 não confirma que Saul reinou por 40 anos e sim que Deus o levantou para reinar por 40 anos. Todavia, ele, Saul, não foi confirmado Rei sobre Israel ( I Samuel 13:13) e seu reinado foi rasgado (I Samuel 15:28) e foi passado para outro melhor do que ele, ou seja, ele perdeu o reino (I Samuel 13:14) e Davi foi ungido Rei em seu lugar. Veja que Deus se arrependeu de ter posto Saul como Rei (I Samuel 15:11), e em seguida Saul foi rejeitado por Deus (I Samuel 15:26)”.

Logo, entende-se que o que o Apostolo Paulo disse em Atos 13:21, seria o período que Saul reinaria sobre Israel se andasse no caminho do Senhor, o que não aconteceu. Então o seu Reino foi retirado e passado para Davi.

Saul é o único dos reis citados na Bíblia cuja duração de reinado é desconhecida. As fontes que serviram para as traduções em línguas francas do Antigo Testamento são basicamente duas: a Septuaginta e os Textos Massoréticos e em ambas, 1 Sm 13:1 está danificado.

A Septuaginta foi traduzida para o idioma grego ao longo de mais de um século, depois de concluida a tradução do Pentateuco por volta de 285 AC a mando de Ptolomeu Filadelfo (309 AC – 279 AC), rei do Egito.

Constitui, desta forma, a Septuaginta, a mais antiga tradução do Antigo Testamento para uma língua franca, no caso, o grego. Os textos massoréticos, por sua vez, são um trabalho executado no século VI por um grupo de escribas judeus que teve por missão reunir os textos utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito, a partir dos manuscritos bíblicos conhecidos à época. Dos textos massoréticos provém a maioria das traduções protestantes do Antigo Testamento para as linguas francas.

Qualquer que seja a fonte, 1 Sm 13:1 tem sido traduzido de formas dedutivas nas várias versões da Bíblia tentando dar-lhe sentido, e algumas entendem que por haver omissão de palavras o deixam incompleto. Vejamos alguns exemplos:

“Saul reinou um ano; e no segundo ano do seu reinado sobre Israel,´ – João Ferreira de Almeida – Corrigida e Fiel ao Texto Original

“Um ano reinara Saul em Israel. No segundo ano de seu reinado sobre o povo,“ – João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Atualizada – Sociedade Bíblica do Brasil

“Saul tinha – anos quando começou a reinar, e reinou sobre Israel dois anos.” – A Bíblia Judaica Completa, traduzida do hebraico para o inglês pelo teólogo David H. Stern.

“Saul tinha [quarenta] anos quando começou a reinar, e quando reinou dois anos sobre Israel,”- American Standard Version

“Saul era uma criança de um ano quando começou a reinar, e reinou dois anos sobre Israel.”- Douay-Rheims

“Saul tinha – anos de idade quando começou a reinar, e reinou dois anos sobre Israel.”- English Standard Version

“Saul reinou um ano, e quando havia reinado dois anos sobre Israel,” – King James Version

“Saul tinha 30 anos quando se tornou rei, e reinou 42 anos sobre Israel” – Holman Christian Standard

“Saul tinha 30 anos quando se tornou rei. Reinou sobre Israel 42 anos”- New International Reader’s Version

Se, por um lado não temos a informação precisa sobre o início de Saul, nem a extensão de seu reinado e nem mesmo do juizado de Samuel antes de Saul, por outro lado elas podem ser obtidas por dedução. Podemos calcular com precisão absoluta o ano da morte de Saul. Vejamos o que nos diz 1 Rs 6:1:

“E SUCEDEU que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), começou a edificar a casa do Senhor.”

O Êxodo se deu no Anno Mundi 2448 e 480 anos depois Salomão inicia a construção do templo no quarto ano de seu governo, no Anno Mundi 2928.

Salomão começou a reinar, portanto, 3 anos antes, no Anno Mundi 2925 (quarto ano, contado o ano de ascensão).

Davi morreu neste mesmo ano, e como reinou por 40 anos, começou a reinar no Anno Mundi 2885, ano da morte de Saul.

A Arca foi levada para Quiriate-Jearim no mesmo ano da morte de Eli, no Anno Mundi 2878 e permaneceu ali até o Anno Mundi 2898.

Como Davi começou a reinar no Anno Mundi 2885, temos, desta forma, que a Arca foi transferida para Jerusalém no seu 13º ano de reinado, seis anos depois de haver se intalado em Jerusalém, restando, portanto, 7 anos entre a morte de Saul e o início de Samuel.

Baseado no texto original deduz-se que Saul poderia ter reinado 2, 12, 22, 32 ou 42 anos, todos com final 2, e desta forma, por exclusão, Saul teria reinado 2 anos, entre 2883 A.M. e 2885 A.M.

Conseqüentemente, o juizado de Samuel durou 5 anos até a ascensão de Saul e seu ministério mais dois anos até sua morte. Conforme 1 Sm 12, todo o capítulo, Samuel resigna de seu cargo quando Saul inicia seu reinado no Anno Mundi 2883.

A tradição judaica “Yerushalmi” atribui dois anos ao reinado de Saul e interpreta 1 Sm 13:1 da seguinte forma: “Um ano esteve Saul em seu reino e dois anos reinou sobre Israel.”

O Talmude Babilônico e a Seder Olam Rabbah entendem que Saul reinou 3 anos, onde no primeiro ano ele compartilhou o governo com Samuel e dois anos mais reinou sozinho. (Guggeinheimer H W, Seder Olam Rabbah, The Rabbinic View of Biblical Chronology. A.Jason Aronson Book 2005, pag. 130)

1 Sm 27:7 menciona que “ Davi habitou na terra dos filisteus, um ano e quatro meses” quando fugia de Saul, o que dá força à ideia de que Saul teria reinado 3 anos, o que de fato incluiria seu ano de ascensão.

No que mais se refere à vida de Saul, podemos dizer que no aspecto militar foi um grande líder, o que pode ser constatado pelas guerras que travou, mas, no aspecto espiritual, não foi capaz de se sujeitar à vontade de Deus, e desta forma foi rejeitado, conforme 1 Sm 15:26-28.

Davi é ecolhido por Deus para liderar Israel e é ungido por Samuel ainda no primeiro ano de Saul, no Anno Mundi 2883.

Depois de matar Golias (1 Sm 17:51) em combate, os destinos de Davi e Saul se entrelaçam. De uma relação paternal, quando constata a admiração do povo pelos feitos de Davi, Saul passa a persegui-lo para mata-lo, uma constante que se estenderá até o dia de sua morte.

Samuel faleceu meses antes de Saul, no mesmo ano, 2884 A.M. (1 Sm 25:1) Após a morte de Samuel, 1 Sm 28:7 registra a consulta de Saul a uma feiticeira, a quem pede que invoque o profeta.

Conforme 1 Sm 28:9, a feiticeira temia atender o pedido, pois o próprio Saul havia destruido os adivinhadores e encantadores que havia no meio do povo. Embora nenhum outro texto de Samuel mencione este fato, houvesse Saul agido dentro dos limites da lei de Moisés, o termo destruir significaria matar, de acordo com Ex 22:18: “A feiticeira não deixarás viver.”

Muitos utilizam esta passagem para provar a possibilidade de contato de mediuns com as pessoas mortas. No entanto, o que se ve no texto (1 Sm 28:12) é que a feiticeira não só não evoca Samuel ou qualquer outro espírito, como também se surpreende e grita amedrontada quando o profeta aparece diante dela para repreender Saul, que vem a morrer pouco depois, juntamente com seus filhos, no confronto com os filisteus.

Samuel não registra igualmente outro evento importante na vida de Saul, o qual conhecemos pelas consequências: 2 Sm 21:1 nos diz que houve tres anos consecutivos de fome em Israel no tempo em que Davi reinava, e que a causa seria o fato de Saul haver matado alguns dos gibeonitas.

Os gibeonitas, que habitavam no meio da Tribo de Benjamin, também chamados heveus (Ex 13:5), são dos povos que habitavam Canaã antes da chegada de Josué, e que vendo a impossibilidade de subsistir diante dele, o enganam obtendo a promessa de que não serem atacados por Israel, conforme todo o capítulo 9 de Josué.

Por alguma razão foram atacados por Saul, que matou muitos deles, quebrando desta forma a promessa que Josué fizera, acarretando maldição sobre Israel.

Davi mostra seu desejo de retratar-se e dar aos gibeonitas uma compensação, o que eles negam que fosse material, aparentemente evocando a Lei de Moisés, especificamente Nm 35:31: “E não recebereis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; pois certamente morrerá.”

Pedem desta forma que lhes fossem entregues sete descendentes de Saul para que fossem enforcados em Gibeá, no que Davi os atende (2 Sm21:1-9).

Saul reinou entre 2883 A.M. a 2885 A.M., o que representam 3 anos contado seu ano de ascensão.

Paulo lhe atribuiu 40 anos numa clara demonstração de simpatia à tradição judaica, pois não deseja em seu discurso causar qualquer tipo de constrangimento ou polêmica corrigindo uma data tradicionalmente conhecida e aceita, citando palavras que chamariam sem dúvida a atenção de seus ouvintes a ponto de faze-los desviar a atenção do foco de seu discurso, que é chegar a Jesus, o Messias.

Muitas vezes manter a tradição é mais importante que retificá-la, pois mantém a sintonia do orador com o público a quem se dirige, pois mostra simpatia para com sua cultura e o pré dispõe a sensibilizar-se com uma verdade maior, e Paulo se esforçava em esclarecer o “Novo Pacto” e não em mostrar conhecimento histórico. Em outras palavras, a cronologia bíblica é nada importante quando comparada ao entendimento da revelação do plano de Deus para os homens contida na Bíblia.

Finalmente, uma última constatação: Saul teria aproximadamente 60 anos quando começou a reinar. Não era moço, conforme pode dar a entender 1 Sm 9:2: “Este (Quis) tinha um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.”

O redator, dá, neste caso, uma descrição atemporal da pessoa de Saul. Como escreve dezenas de anos depois de sua morte, reporta o que era uma descrição corrente da figura imponente de Saul na cultura popular, que certamente se referia a seus tempos de juventude.

Podemos constatá-lo pelo fato de que Is-Bosete, filho de Saul, tinha 40 anos quando começou a reinar (2 Sm2:10). Is-Bosete era filho de uma concubina de Saul, cujo nome é desconhecido. Saul teria tido então pelo menos duas concubinas, sendo Rispa uma delas (2 Sm3:7), e a outra a mãe de Is-Bosete.

Conforme 1 Sm 14:49, os filhos de Saul com sua esposa Ainoã, filha de Aimaás eram Jônatas, Isvi, e Malquisua, além de duas filhas mulheres, Merabe, a mais velha e Mical, que veio a ser esposa de Davi.

Is-Bosete teria nascido no Anno Mundi 2845, durante o juizado de Eli. Teria 40 anos quando começou a reinar sobre Israel, no mesmo ano da morte de seu pai.

Se, minimamente aos 25 anos de idade Saul já houvesse gerado os tres filhos de Ainoã, e em seguida Is-Bosete, de uma concubina, e só depois disto gerado suas filhas mulheres, teria ao menos 58 anos de idade quando começou a reinar.

Conforme 1 Sm 26:21 tratava Davi por filho, o que mostra na prática que teria idade de ser seu pai. Saul reinou de Gibeá, capital de Israel de seu tempo (1 Sm 10:26).

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Samuel – 14º e último Juiz sobre Israel

1018 AC a 1013 AC – (Anno Mundi 2878 a 2883 A.M.) – Samuel – 14º e último Juiz sobre Israel Diferentemente de outros juízes, a Bíblia não estabelece por quanto tempo Samuel julgou a Israel. Diz, no entanto, que Samuel julgou Israel todos os dias de sua vida, e não meramente no tempo de seu juizado (1 Sm 7:15). A tradição judaica atribui a Samuel um juizado de 10 anos de duração e lhe outorga o título de primeiro dos profetas maiores. Do ponto de vista prático, Samuel julgou Israel entre o ano da morte de Eli e a unção de Saul como primeiro rei de Israel, ou seja, por um período de não mais que 5 anos. Seriam estes 5 anos, o que do aspecto histórico, se pode chamar o tempo de Samuel. Eli faleceu no Anno Mundi 2878, quando recebeu a notícia de que a Arca do Concerto havia sido tomada pelos filisteus, sendo este, portanto, o início do período de Samuel. Quando seria então o final de seu juizado? De acordo com 1 Sm 7:2 “sucedeu que, desde aquele dia (depois que a Arca foi devolvida pelos filisteus), a arca ficou em Quiriate-Jearim, na Tribo de Benjamim (Js 18:15), e tantos dias se passaram que até chegaram vinte anos, e lamentava toda a casa de Israel pelo Senhor.” Vinte anos depois, Davi, na segunda etapa de seu reinado, manda trazer a Arca para Jerusalém: “foi pois Davi, e trouxe a arca de Deus para cima, da casa de Obede-Edom, à cidade de Davi, com alegria.” (2 Sm 6:12) Note que vinte anos depois de ser tomada a Arca, no Anno Mundi 2898, Davi já era rei em Jerusalém, depois de reinar sete anos e meio em Hebrom (2 Sm 2:11). Davi, conforme veremos adiante começou a reinar no Anno Mundi 2885, sendo este, portanto, o ano da morte de Saul. Temos, desta forma, que entre a morte de Eli (que é o início do período de Samuel), e o início de Davi, uma distância de apenas 7 anos, tempo este que totaliza o juizado de Samuel e o reinado de Saul. Observe que não há como fugir do sincronismo de datas a que nos obrigam os textos dos 20 anos (1 Sm 7:2 e 2 Sm 6:12). Entre a Arca (depois de ser recuperada dos filisteus) ser levada para Quiriate-Jearim e seu traslado para Jerusalém há um tempo de 20 anos e desta forma, tanto o juizado de Samuel, quanto o reinado de Saul devem caber nestes 7 anos. Saul reinou apenas três anos, a partir do Anno Mundi 2883, sendo este, portanto o fim do período de Samuel. O último ano de Samuel como juiz coincide, portanto, com o primeiro ano de Saul como rei. Há pontos controversos referentes à duração do reino de Saul, uma vez que o Livro de Atos dos Apóstolos declara que teriam sido 40 anos. Trataremos disto no tópico referente a Saul. Quanto a vida de Samuel, é natural supormos que ele tenha nascido já dentro do período do juizado de Eli. Segundo o Talmude de Jerusalém, Ana foi abençoada e concebeu Samuel no primeiro ano de Eli como juiz. Sabemos que Samuel foi entregue por sua mãe a Eli muito criança ainda, e desde então passou a viver na companhia do sacerdote no templo em Siló. Ministrava perante o Senhor desde menino, e sua vida foi um contraponto entre sua sinceridade perante Deus e a pecaminosidade das vidas do povo e dos filhos de Eli. Mesmo sendo um homem fiel a Deus, ao longo de seu juizado Samuel constituiu seus dois filhos juízes sobre Berseba (1 Sm 8:1-2), o que poderia a princípio soar como uma coisa natural, mas não é, uma vez que todos os juízes foram chamados por Deus para dominar sobre o povo durante certo período de tempo e nunca coube a nenhum deles fazer seu sucessor. O povo tentou fazer de Gideão seu rei ao que ele próprio respondeu: “Sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.” (Jz 8:23) Samuel teria tentado criar uma sucessão hereditária, algo nitidamente contrário à vontade de Deus, e o povo aproveitou isto como desculpa para pedir que um rei, pois já haviam suportado os filhos de Eli e não gostariam de se comprometer com Samuel com a obrigação de manter seus dois filhos corruptos num cargo de tamanha importância. Os filhos eram efeito colateral, não do remédio da libertação, mas da comiseração dos pais. Algumas passagens sugerem uma grande diferença de idade entre Eli (que morreu com 98 anos), e Samuel, tais como 1 Sm 2:22-26 e 1 Sm 3:1-4. Vejamos os textos: 1 Sm 2:22-26: “22 Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois ouço de todo este povo os vossos malefícios. 24 Não, filhos meus, porque não é boa esta fama que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor. 25 Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar. 26 E o jovem Samuel ia crescendo, e fazia-se agradável, assim para com o Senhor, como também para com os homens.” (Versão João Ferreira – Corrigida e Fiel ao Texto Original) 1 Sm 3:1-4: “1 O jovem Samuel servia ao Senhor perante Eli; Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram frequentes. 2 Certo dia, estando deitado no lugar costumado o sacerdote Eli, cujos olhos já começavam escurecer-se, a ponto de não poder ver, 3 e tendo se deitado também Samuel, no templo do Senhor, em que estava a Arca, antes que a lâmpada de Deus se apagasse, 4 O Senhor chamou o menino Samuel, Samuel! Este respondeu: Eis me aqui!” (Versão Almeida – Revista e Atualizada – Sociedade Bíblica do Brasil) Haveria, no caso de Samuel haver nascido no primeiro ano de Eli como sacerdote, uma diferença de 59 anos entre eles, uma vez que Eli viveu 98 anos e julgou Israel por 40. Aparentemente os textos acima suportam esta idéia. Neste caso, Samuel teria sido entregue aos 5 anos de idade a um Eli de 64 anos (1 Sm 24:28); teria 12 anos quando já ministrava ao Senhor (1 Sm 2:18) quando Eli teria 70. Teria então 39 anos de idade quando Eli faleceu, 44 anos quando ungiu Saul rei, e 45 anos ao morrer. Vejamos então o que nos dizem os textos que se referem aos últimos anos de Samuel: 1 Sm 8:1-5: “E sucedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes sobre Israel. E o nome do seu filho primogênito era Joel, e o nome do seu segundo, Abia; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito. Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” (Versão João Ferreira – Corrigida e Fiel ao Texto Original) 1 Sm 12:2: “Agora, pois, eis que o rei vai adiante de vós. Eu já envelheci e encaneci, e eis que meus filhos estão convosco, e tenho andado diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje.” (Versão João Ferreira – Corrigida e Fiel ao Texto Original) Como vimos, Samuel teria 44 anos de idade quando ungiu Saul rei. Como seria possível que um homem de 44 anos fosse considerado velho? 1 Sm 12:2 diz que Samuel tinha os cabelos brancos. Isto não seria problema porque o embranquecimento precoce dos cabelos pode ter várias causas ou ser um fator de ordem genética, não sendo, portanto, sinal de velhice, mas o fato é que os textos reforçam a idéia de que ele seria de fato uma pessoa idosa na ocasião. Fosse o próprio Samuel o autor do livro, poder-se-ia explicar o fato como uma espécie de “licença poética”, o que é difícil aceitar porque o próprio livro relata sua morte bem como a de Saul. Fosse outro o autor, este poderia também querer passar esta idéia, caso desejasse mostrar que teria chegado, de qualquer maneira, a hora de Samuel se retirar de cena por conta da idade. Para conformar Samuel numa situação de idoso nas referidas situações, seria necessário imaginá-lo pelo menos 20 anos mais velho. Desta forma, teria nascido não durante o durante o juizado de Eli, mas sim no de Sansão, o que poderia ser dito de uma forma melhor: Eli não era ainda juiz quando de seu encontro com Ana no templo em Siló, era apenas sacerdote; veio a se tornar juiz somente após a morte de Sansão. Por este ângulo, Eli teria 40 anos de idade quando nasceu Samuel. O Samuel “velho” teria 60 anos na ocasião destes relatos, o que ainda não o caracterizaria como uma pessoa idosa, mas, talvez por força de fatores decorrentes de uma vida sem muito conforto poderia ter um aspecto envelhecido. Restaria, neste caso, conciliar os textos em que as idades de ambos são colocadas em paralelo. O menino Samuel teria sido entregue aos 5 anos de idade a um Eli de 43 anos (1 Sm 24:28); Teria 12 anos quando já ministrava ao Senhor (1 Sm 2:18) quando Eli teria 50. O texto de 1 Sm 2:22-26, se visto em harmonia, ou seja, se entendermos que ele trata de um mesmo assunto, oferece resistência a esta suposição. A maior parte das edições da Bíblia, no intuito de facilitar o entendimento e mesmo a localização de um texto, agrupa uma sequência de versos sobre um título, fazendo desta forma com que a leitura possa ser induzida a um contexto que pode não estar correto. Na edição João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, os versos de 22 a 26 aparecem agrupados sob o título de “Eli repreende os filhos”. Desta forma, o agrupamento de 22 a 26 sugere um mesmo assunto e nos leva a comparar forçosamente as idades de um com o outro. Depois disto, antes do verso 27 surge outro título: “Profecia contra a casa de Eli”. Vejamos o texto dentro do contexto sugerido: Eli repreende seus filhos “22 Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau procedimento. 24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; estais fazendo transgredir o povo do Senhor. 25 Pecando homem contra próximo, Deus lhe será o árbitro; pecando, porém, contra o Senhor, quem intercederá por ele? Entretanto não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar. 26 Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens.” Profecia contra a casa de Eli 27 Veio um homem de Deus a Eli e lhe disse:…. Sugeriria uma leitura muito diferente se fosse agrupado de outra forma: Eli repreende seus filhos “22 Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau procedimento. 24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; estais fazendo transgredir o povo do Senhor. 25 Pecando homem contra próximo, Deus lhe será o árbitro; pecando, porém, contra o Senhor, quem intercederá por ele? Entretanto não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar. Profecia contra a casa de Eli 26 Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens. 27 Veio um homem de Deus a Eli e lhe disse:….” O verso 22 que diz que Eli era muito velho, poderia se referir a uma idade de 80 anos, mas neste caso Samuel teria 42, e não poderia ser tido como jovem com esta idade, conforme diz o verso 26, a menos que o autor tenha mudado de assunto e o este verso deva ser visto como uma coisa isolada ou começo de outro assunto. Se visto em conjunto, fica assim implícito que um era velho e o outro jovem. Se visto separado sugere que Eli repreendeu seus filhos. Desta forma, se lermos 1 Sm considerando que o redator do livro não estava preocupado com a sequência cronológica dos fatos que está reportando, podemos ter um entendimento diferente. É, portanto, mais coerente, assumir que Samuel teria nascido durante o juizado de Sansão, quando Eli era apenas sacerdote e não julgava ainda o povo. Teria assim, cerca de 60 anos de idade ao falecer. De qualquer maneira, nada disto impacta ou tem qualquer relevância com a cronologia do tempo dos Juízes, pois o período de cada um deles está bem definido, e independe destas variantes.

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Juízes de Ibzã a Eli

1103 a 1096 AC – (Anno Mundi 2793 a 2800 A.M.) – Ibizã – 9º Juiz sobre Israel
Pouco se sabe a respeito de Ibzã, homem de Belém, da tribo de Judá, a não ser que julgou a Israel sete anos, entre 2793 A.M. até 2800 A.M, conforme Jz 12:8-10.

1096 AC a 1086 AC – (Anno Mundi 2800 a 2810 A.M.) – Elon – 10º Juiz sobre Israel
Elon, da tribo de Zebulom, julgou Israel por 10 anos (Jz 12:11-12), portanto, até o Anno Mundi 2810.

1086 AC a 1078 AC – (Anno Mundi 2810 a 2818 A.M.) – Abdom – 11º Juiz sobre Israel
Abdom julgou Israel por 8 anos, conforme Jz 12:13-15, portanto, até o Anno Mundi 2818.

1078 AC a 1058 AC – (Anno Mundi 2818 a 2838 A.M.) – Sansão – 12º Juiz sobre Israel
O período de Sansão como juiz é marcado pela opressão dos filisteus sobre Israel, o que perdura por quarenta anos, ultrapassando, desta forma, todo seu juizado de 20 anos e estendendo-se por 20 anos do período de Eli, seu sucessor.

A tradição judaica outorga a Sansão, da tribo de Dã, o título de “último dos juízes”, uma vez que tanto Eli como Samuel exercem a seguir seus juizados na qualidade de sacerdotes.

Foi um período de extremo conformismo com relação ao opressor, o que se nota na convivência pacífica do próprio Sansão com o inimigo, de quem tomou para si esposas, como também nas palavras dos habitantes de Judá ao que se refere Jz 15:11: “Não sabias tu que os filisteus dominam sobre nós?”

Embora tivesse voto de nazireu, sendo portanto uma pessoa separada para Deus, Sansão não pode ser visto propriamente como um libertador de Israel.

Em termos práticos, Sansão foi o mais capacitado entre todos os libertadores levantados por Deus, uma vez que sua força poderia vir a ser convertida na maior das qualidades que um chefe militar daqueles tempos deveria possuir.

Ao invés de libertador, é mais um herói solitário que através de sua força física causou baixas consideráveis ao inimigo ao mesmo tempo em que suas histórias influenciaram sem dúvida o imaginário dos povos ao redor de Israel, pois somente um Deus verdadeiro poderia dar a um homem tais poderes. Tanto viveu alienado de sua missão, que Deus retirou dele seus poderes, conforme Jz 16:20.

Sansão julgou Israel por 20 anos, até o Anno Mundi 2838.

1058 AC a 1018 AC – (Anno Mundi 2838 a 2878 A.M.) – Eli – 13º Juiz sobre Israel
O período de Eli se estende por 40 anos até a sua morte, ocasião em que a Arca do Concerto foi tomada pelos filisteus.

É, no entanto, Samuel o principal personagem deste período, o qual entra na história de Eli desde sua infância pelo fato de haver sido consagrado nazireu em seu nascimento. Samuel foi entregue por sua mãe a Eli quando teria cerca de 5 anos de idade.

No mais, a vida de Eli foi marcada pela dualidade entre o serviço de Deus e a tolerância excessiva para com os pecados do povo, sobretudo com seus filhos. Há certos aspectos referentes à cronologia de Eli que podem referir a fatos que teriam acontecido ainda nos dias de Sansão, conforme veremos nos anos de Samuel.

Foi no seu tempo que nasceu Davi, no Anno Mundi 2855 (1041 AC).

A História de Rute

Rute era moabita, descendente de Ló, sobrinho de Abraão. Sua história ocorre no período dos Juízes (Rt1:1), mas não é possível localizá-la cronologicamente com precisão, pois não há base bíblica concreta para isto.

A tradição judaica aponta sua localização para duas alternativas: uma situa Rute no período de Sansão, e outra no tempo de Eglom, o rei moabita que oprimiu Israel por 18 anos.

Sansão é chamado de último dos juízes, uma vez que seus dois sucessores, Eli e Samuel, são vistos como sumos-sacerdotes que nesta qualidade julgam o povo.

A favor de Rute se situar no tempo de Eglon, onde Eúde era o Juiz, está o Talmude de Jerusalém, também conhecido como Talmude Palestino, que de acordo com as tradições atribui a Eglom a virtude de ser pai de Rute. Apoia-se para tal no relato de Jz 3:20, onde Eglon, em vias de ser assassinado por Eúde, se levanta de sua cadeira para ouvir uma palavra da parte de Deus, o que mostraria respeito por Jeová. Fosse assim, indiretamente Eglon estaria presente na genealogia de Davi e consequentemente de Jesus. Como já foi dito, não há base bíblica para tal afirmação.

Flávio Josefo aponta para os dias que seguem a morte de Sansão, mas não nos fornece nenhum argumento pelo qual tenha concluído que Rute tenha vivido neste tempo, apenas conta a sua história, tal qual está na Bíblia, situando-a durante o juizado de Eli, a quem trata por Grão sacrificador (Sumo Sacerdote). Hist. dos Hebreus, Vol2, Cap. XI

Conta-se ainda com a possibilidade de que Rute tenha vivido nos tempos de Gideão, pois havia fome na terra em consequência do afastamento do povo de seu Deus. O capítulo 6 de Juízes nos relata que Deus entregou Israel nas mãos dos midianitas e amalequitas, de tal forma, que estes, como gafanhotos, roubavam o povo no tempo da colheita, razão pela qual Israel “empobreceu muito” (Jz 6:6)

Antes que Deus chamasse Gideão para libertar o povo, envia um profeta aos filhos de Israel (Jz 6:8), que lhes relembra todas as maravilhas que haviam sido operadas em seu meio. É o único relato em Juízes da ação de um profeta vindo a mando de Deus censurar o povo. É de fato algo muito emblemático. Pela máxima da Seder Olam Rabbah, de que a escritura não vem ocultar, mas esclarecer, seria mais razoável supor que Rute tenha vivido neste tempo, pois foi em função da fome que Elimeleque e sua família se refugiam entre os moabitas, e como decorrência deste acontecimento, Rute, uma moabita, veio a se incorporar, como esposa de Boaz, ao povo escolhido, vindo a ser bisavó de Davi.

Alguém já fez uma interessante observação: há apenas dois livros na Bíblia com nomes de mulheres, Rute e Ester. Rute é uma gentia que se casa com um judeu e Ester é uma judia que se casa com um gentio.

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Juízes de Eúde a Jefté

1314 AC a 1234 AC – (Anno Mundi 2582 a 2662 A.M.) – Eúde – 2º juiz de Israel
Conforme vimos, o tempo de Eúde, da tribo de Benjamin, filho de Gera (Gn 46:21), se estende por 80 anos, a contar desde a morte de Otoniel. O início deste período é marcado por 18 anos de opressão de Eglon (Jz 3:12-14), rei dos moabitas, a quem Israel paga tributos. Próximo ao final deste tempo Eúde foi chamado por Deus para libertar o povo. A data de sua morte coincide com o fim dos 80 anos deste período.

Sangar – 3º juiz de Israel
Não há nenhuma referência em Juízes acerca do tempo de Sangar. Diz apenas que após Eúde, Sangar, filho de Anate, libertou Israel (Jz 3:31) da opressão dos filisteus.

Aparte esta informação, Sangar é mencionado no Cântico de Débora (Jz 5:6-7), que diz que “nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael cessaram as caravanas; e os que andavam por veredas iam por caminhos torcidos. Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei.”

Eram tempos em que as estradas estavam impedidas pelos filisteus e o povo era obrigado a circular por estradas secundárias.

Destes textos podemos concluir que o tempo de Sangar se situa entre Eúde e Débora, e coincide com os 20 anos em que os filisteus oprimiam Israel, dando a entender que embora Sangar tivesse obtido certo êxito em sua missão libertadora, a opressão não cessou, estendendo-se desta forma até o dia em que Débora é autorizada por Deus a libertar o povo.

Vejamos o texto: “Depois dele (Eúde) foi Sangar, filho de Anate, que feriu a seiscentos homens dos filisteus com uma aguilhada de bois; e também ele libertou a Israel.” Jz 3:31

Não se sabe, portanto, quando ele haveria morrido, nem se isto teria acontecido por causa dos filisteus.
A tradição judaica coloca Sangar nos dias de Eglon, rei dos moabitas, o que não é condizente com Jz 3:31.

1234 AC a 1194 AC – (Anno Mundi 2662 a 2702 A.M.) – Débora – 4ª juíza de Israel
A contagem dos 40 anos de Débora (Jz 5:31) como juíza se inicia após o fim do período de Eúde (Anno Mundi 2662), embora este tenha sido seguido, conforme vimos, de Sangar, que por breve espaço de tempo libertou Israel das mãos dos filisteus.

Do ponto de vista cronológico, temos, então, Sangar dentro do período de Débora, sem uma contagem de tempo específica.

A tradição judaica outorga igualmente a Baraque o posto de libertador de Israel no mesmo tempo de Débora, sendo ambos relatados como juízes pela Seder Olam Rabbah.

No tempo de Débora, viveu em Canaã Héber, descendente da família do sogro de Moisés. Héber é marido de Jael, heroína de quem fala o “Cântico de Débora” pelo fato de haver ela própria matado Jabin, o rei de Canaã que oprimia naquele tempo a Israel. O período de Débora encerra-se no Anno Mundi 2702.

1194 AC a 1154 AC – (Anno Mundi 2702 a 2742 A.M.) – Gideão – 5º juiz de Israel
O período de Gideão se inicia marcado pela opressão dos midianitas, o que acarreta em fome e grande pobreza em Israel durante sete anos. (Jz 6:1)

Com apenas trezentos homens, Gideão derrota um exército de cento e trinta e cinco mil homens, um feito militar incomparável, não fosse o caso de Deus haver lutado Ele próprio pelos seus escolhidos.

Na dinâmica geral do Livro de Juízes, tem-se a impressão que o povo foi fiel a Deus durante todo o tempo que segue à libertação do opressor pelo juiz vigente, o que se estende até o dia da morte deste juiz, quando o povo se volta novamente para os ídolos pagãos.

No caso do período de Gideão, fica claro o quanto a idolatria é própria do ser humano e estava enraizada na natureza daquele povo. Mal consegue esta vitória assombrosa, é ele próprio quem leva Israel à idolatria.

Coletou ouro do povo e “fez Gideão dele um éfode, e colocou-o na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel prostituiu-se ali após ele; e foi por tropeço a Gideão e à sua casa.” (Jz 8:27)

Na seqüência de causa e efeito, Abimeleque, seu filho com uma concubina, domina sobre Israel por imposição própria por três anos, após assassinar todos os demais filhos de Gideão. O período de Gideão encerra-se em conseqüência de sua morte no Anno Mundi 2742.

1154 AC a 1150 AC – (Anno Mundi 2742 a 2745 A.M.) – Abimeleque domina Israel por 3 anos
De acordo com Jz 8:22, após derrotar os midianitas, o povo propõe a Gideão e seus sucessores dominar sobre eles, ao que Gideão enfaticamente nega.

Depois de sua morte, Abimeleque, seu filho com uma concubina, aproveitou-se da inclinação do povo em querer um dominador dentre os filhos de Gideão, e com a ajuda dos familiares de sua mãe e do povo de Siquem assassinou todos os filhos de Gideão à exceção do mais novo, vindo a ser proclamado rei entre eles.

Abimeleque não é considerado juiz, mas, meramente uma figura ambiciosa que usurpa temporariamente o poder local, com aparente plano de estender este poder às demais regiões do país. Por esta razão, o tempo que dominou sobre Israel não entra no computo total de Juízes.

De acordo com isto está a tradição judaica. Morreu tentando conquistar a cidade de Tebes no Anno Mundi 2745.

1154 AC a 1131 AC – (Anno Mundi 2742 a 2765 A.M.) – Tola – 6º Juiz sobre Israel
A respeito de Tola sabe-se apenas que era da tribo de Issacar e que seu nome é uma homenagem ao mais velho dos filhos de Issacar, e que julgou Israel por um período de 23 anos, portanto, até o Anno Mundi 2765.

1131 AC a 1109 AC – (Anno Mundi 2765 a 2787 A.M.) – Jair – 7º Juiz sobre Israel
Semelhantemente a Tola, sabe-se apenas que Jair julgou a Israel vinte e dois anos, até o Anno Mundi 2787.

1109 AC a 1103 AC – (Anno Mundi 2787 a 2793 A.M.) – Jefté – 8º Juiz sobre Israel
Do ponto de vista cronológico, Jefté é o mais importante dos juízes, pois graças às informações de seu período é possível sincronizar as datas de todos os juízes de Israel.

Além disto, uma vez estabelecida através de Jefté a data de início de Otoniel, primeiro juiz de Israel, delimita-se, desta forma, o fim do período em que viveu a geração de Josué além de determinar o início do período de Samuel como juiz depois da morte de Eli.

Não obstante, Jefté tem seguramente o mais importante testemunho de fé dado por qualquer outro juiz, além de uma história pessoal, que embora curta em termos cronológicos, impressiona pela natureza dos fatos que a envolvem.

Jefté, habitante de Gileade, era da tribo de Manasses e começou seu juizado após 18 anos de opressão por parte dos filisteus e amonitas (Jz 10:7-8), 245 anos após o início de Otoniel, o primeiro juiz de Israel.

Filho de uma prostituta, Jefté foi expulso de casa por seus irmãos e foi habitar em Tobe. Quando os amonitas se abateram sobre Israel, as qualidades de Jefté foram levadas em conta e ele aclamado como libertador de Israel em Mizpá.

Antes de combater os amonitas, fez um voto a Deus de que sacrificaria aquilo que primeiro saísse de sua casa se voltasse vitorioso da guerra (Jz 11:31). Desafortunadamente saiu-lhe a filha.

Antes da batalha Jefté relembra aos amonitas que Moisés havia tomado Hesbom 300 anos antes daquela data por conta de uma guerra de iniciativa do rei de Hesbom.

Conforme já vimos, a partir desta informação temos como nos situar cronologicamente no primeiro ano de Jefté, 2787 A.M., uma vez que Hesbom foi conquistada por Moisés no Anno Mundi 2487, o quadragésimo ano de peregrinação no deserto (Jz 11:26).

Jefté julgou o povo por seis anos, até o Anno Mundi 2793 (Jz 12:7).

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Otoniel – 1º Juiz de Israel

1362 AC – (Anno Mundi 2534) – fim da geração fiel a Deus
Josué, conforme vimos, faleceu no Anno Mundi 2516, vindo a sobreviver a ele, por dezoito anos, o remanescente de sua geração, que foi até o fim de seus dias fiel a Deus. (Jz 2:10)

Com o fim desta geração, o povo se voltou aos deuses das gentes vizinhas e por conseqüência viu-se oprimido pelos povos ao derredor. (Jz 2:12-14)

1362 AC a 1354 AC – (Anno Mundi 2534 a 2542) – opressão da Mesopotâmia
Conforme Jz 3:8: “a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos.”

Isto significa que depois da extinção da geração fiel a Deus, os contemporâneos de Josué, por oito anos consecutivos o povo foi oprimido, gerando desta forma a necessidade de um líder que libertasse o povo. É a partir do início da opressão que se inicia o tempo dos Juízes em Israel.

1354 AC a 1314 AC – (Anno Mundi 2542 a 2582 A.M.) – Otoniel – 1º Juiz de Israel
Com o fim da geração de Josué, Inicia-se o período de opressão da Mesopotâmia sobre Israel, área sob a influência da Síria, que conforme Jz 3:8, durou 8 anos.

Otoniel era sobrinho de Calebe, filho de seu irmão mais novo, Quenaz, portanto, da Tribo de Judá (Jz 3:9).
Sobre seu juizado, Otoniel restaurou a paz a Israel após derrotar seus contendores (Jz 3:10), o que durou até o fim de seus dias. O período de Otoniel durou 40 anos.

Todas as datas referentes à cronologia dos Juízes se estabelecem a partir de Jefté, o oitavo juiz. Conforme Jz 11:26, Jefté se reporta ao rei dos amonitas fazendo menção da conquista de Hesbom ocorrida 300 anos antes daquele dia. .Hesbom foi conquistada por Moisés no Anno Mundi 2487 e, por decorrência, Jefté se instalou como Juiz no Anno Mundi 2787 (2487+300).

A data de início de Otoniel pode ser calculada subtraindo-se do início de Jefté os anos de juizado de todos os seus antecessores, incluindo Otoniel. Veja a tabela a seguir.

São 245 anos entre o início de Otoniel e o fim de Jair. Explicaremos adiante por que Abimeleque não entra na contagem. Temos, portanto, que 245 anos antes do início de Jefté, Otoniel foi consagrado Juiz sobre Israel (2787 – 245 = 2542). Desta forma, Otoniel começou seu juizado no Anno Mundi 2542.

A história deste período irá repetir inúmeras vezes a mesma sequência de acontecimentos: o povo se afastará de seu Deus e será punido. Deus levantará um Juiz para libertar o povo e durante o tempo deste juiz haverá paz. O povo se afastará novamente de Deus (Jz 2:11-23). Israel só será curado de sua idolatria depois do cativeiro babilônico.

Os cálculos referentes às datas dos demais juízes seguirão este padrão: terminado o período de um juiz, inicia o do próximo, pela simples adição de datas.

Os acontecimentos relatados no final do Livro de Juízes, entre os capítulos 20 a 21, que tratam do levita e sua concubina, aconteceram quase que certamente no tempo de Otoniel, senão vejamos:

Jz 20:28 afirma que Finéias, filho de Eleazer, filho de Arão, ministrava em Betel perante a Arca da Aliança nos tempos de tal acontecimento. Eleazar foi consagrado Sumo Sacerdote por Moisés no mesmo ano do falecimento de Arão, no Anno Mundi 2487.

Entre sua consagração e o fim da geração fiel a Deus (2534 A.M.) que viveu depois dos dias de Josué passaram-se 47 anos. É razoável pensar que por volta deste tempo ou mesmo antes disto Eleazar tenha falecido junto com esta geração e que Finéias assumisse seu lugar por volta desta época, o que viria a acontecer num tempo muito próximo à consagração de Otoniel como juiz, cerca de 10 após o início de seu juizado.

Poderia ter acontecido 20 ou 30 anos depois disto, não importa. O período de Otoniel durou 40 anos e dificilmente tal evento teria acontecido nos dias de Eúde, primeiro porque demandaria uma longevidade excessiva da parte de Finéias e também porque um ato desta natureza é mais típico de uma época sem lei.

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